quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Saí à rua naquela tarde de Inverno. A vontade dominada pelo sufoco de não conseguir mais resistir. Saí e vagueei. Na mente os sentidos da música eram preementes e pesados, as palavras quase que faziam o espaço à volta parecer com aquele lugar perfeito que perdi há algum tempo. Nos olhos passava um nevoeiro denso, daqueles que nos deixa apenas ver uns fiapos de realidade. E enquanto vagueei na rua, imaginei estar onde queria e ver aquilo que mais desejava. Para os outros mantém-se a estranheza daquela presença. Ninguém sabe bem o que é e quem é. Por mais que eu lute e mostre quem sou nunca será um acto epifânico. Porque por mais que me olhem nunca me conseguirão de facto ver. A respiração pesada de quem sobe colinas intermináveis, era um facto palpável de que eu realmente estava ali. Mas não estava.