segunda-feira, 25 de maio de 2015

De visita...

Há uns dias atrás estive de visita a Portugal. Foi apenas uma semana de férias para essencialmente visitar a família. 

Este tema do 'ir a Portugal' tem-me rondado a cabeça e então vou escrever aqui sobre o que tenho pensado. Em primeiro lugar parece que algumas colegas de trabalho acham estranho (só tenho colegas não-portuguesas) eu não ir constantemente a casa, já que o voo é relativamente rápido. Eu, como gosto pouco de dar justificações sobre o que faço ou deixo de fazer, lá atalho com algumas frases sem saída e a conversa morre ali. 

Para alguns dos meus colegas portugueses percebo perfeitamente a sua opção de mal se apanhem com folgas ou férias "fugir" para lá. Muitos estão no seu primeiro emprego, ainda pouco habituados a tudo isto que nos aconteceu, sem as caras metades ou com saudades do sol!! Não os condeno de forma nenhuma, cada um tem a liberdade para fazer o que quer. 

Sobre eu só ter ido a casa ao fim de seis meses concluo que é uma espécie de "reacção" a tudo que deixei para trás. Talvez só agora esteja a começar a digerir isso tudo e a relativizar esse tempo. Quando fui para Odemira queria logo vir-me embora na primeira semana e aqui em Bury, ao fim de seis meses, isso ainda não aconteceu. E penso que muito da minha, até agora, boa adaptação deve-se ao facto de eu ter plena consciência que me "livrei" de coisas que me faziam sofrer muito. 

Aqui quero ter tempo para construir a minha vida e aprender as regras do jogo daqui. Com o tempo desenvolvi uma espécie de fuga primitiva, mal sinta o estímulo de algo que me cause sofrimento psicológico. Por exemplo, em Odemira e mesmo em casa no Porto, existe um olhar assassino que as pessoas lançam sobre pessoas como eu. Lá em baixo era muito pior mas mesmo assim também o notei no Porto. Já não sei lidar com isto, com este grito interior que ameaça pular sobre quem me olha daquele modo. E porque é que me causou desconforto? Porque não o sinto tanto por estas bandas. As pessoas mesmo que "estranhem" um casal vestido de preto, rapidamente mete conversa e quando a resposta é similar já deixam de olhar com estranheza. Em Portugal, parece que as pessoas pensam logo que és alguma espécie de alien, ou drogado. É deste tipo de coisas que não sinto qualquer saudade, esta tacanhez tão entranhada. 

Quando também passamos por Almeirim, tive uma dessas epifanias. Ia no autocarro com o namorado e a sogra e atrás de mim um quarteto de típicas velhas portuguesas. Ou seja, são aquelas a quem tudo faz confusão (e nem se importam de tentar perceber alguma coisa), falam alto como se estivessem a apregoar na feira e produzem de tal forma um discurso de mal-dizer ao mais alto nível. 

À cabeça vem-me um sketch do Ricardo Araújo Pereira em que basicamente ele diz vamos exportar as velhas portuguesas. Aqui onde trabalho também lido com muitas senhoras velhotas, mas fazendo uma análise muito grosseira não tem nada a ver. 

Outra coisa da qual não sinto falta, comerciantes que atendem os clientes como se fosse um frete. Não precisam de ganhar dinheiro pois não? Então depois não refilem. Ah e tal o povo português é um povo hospitaleiro, já ouvi dizer! 

E depois, mesmo por cá, as notícias más sempre chegam mais depressa. Parece que qualquer notícia que ultimamente me aparece à frente são sobre aquelas histórias inimagináveis que só podem acontecer em Portugal! Tipo a da TAP...ainda bem que por aqui não se apanhou nada disso. 

Ainda tenho tanto sítio para explorar aqui...e armados de GPS sinto-me imbatível :D

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